O medo que cresce nas eleições
Na Tanzânia, a superstição em torno do albinismo alcança níveis alarmantes. Partes do corpo de pessoas albinas — dedos, braços, dentes ou cabelos — são usadas em rituais de bruxaria e vendidas como amuletos de boa sorte, poder ou prosperidade política. À medida que o período eleitoral se aproxima, cresce o temor entre essa comunidade vulnerável.
Casos de violência brutal
Infelizmente, essas crenças supersticiosas acabam se transformando em violência concreta, muitas vezes com requintes de crueldade. Em algumas regiões, comunidades inteiras convivem com o medo diário, pois ataques contra pessoas albinas continuam sendo registrados, apesar de campanhas de conscientização e esforços de organizações humanitárias. Crianças, especialmente vulneráveis, tornam-se alvos de grupos que lucram com a exploração da ignorância e da desinformação.
O cenário se agrava quando relatos apontam que partes do corpo dessas vítimas são vendidas a curandeiros e feiticeiros tradicionais, alimentando um mercado clandestino que persiste há anos. Ossos, sangue, dentes e até cabelos são negociados como se fossem itens de valor ritualístico, criando um ciclo perverso que mistura crenças ancestrais com interesses econômicos obscuros. Em muitos casos, famílias precisam esconder seus próprios filhos para protegê-los desses ataques.
A perseguição se sustenta na falsa crença de que materiais retirados de pessoas albinas possuem algum tipo de “poder mágico”, capaz de trazer riqueza, sorte, proteção ou até vantagem política. Essa ideia, profundamente enraizada em determinados grupos, reforça uma cadeia de mitos e rituais que continuam influenciando comportamentos até hoje. Enquanto isso, autoridades e organizações de direitos humanos tentam enfrentar não apenas o crime em si, mas também o impacto cultural que mantém essas práticas vivas.
Superstição, bruxaria e poder político
O cenário se torna ainda mais sombrio quando superstição e política se misturam. De acordo com relatos, alguns políticos acreditam que partes de corpos de albinos podem lhes garantir vantagem nas eleições.
Consequências para as vítimas
As consequências não se limitam aos danos físicos sofridos durante os ataques. As vítimas carregam traumas profundos que afetam o psicológico por toda a vida, além de cicatrizes permanentes que lembram diariamente a violência que enfrentaram. Em muitas regiões, viver com albinismo significa estar em constante estado de alerta, planejando rotas de fuga, evitando locais movimentados e até adaptando a rotina escolar ou profissional por medo de novos ataques.
Esse clima de insegurança se intensifica durante períodos eleitorais, quando crenças associam partes do corpo de pessoas albinas a supostos rituais capazes de garantir poder político ou sorte aos candidatos. Nessas épocas, muitos sobreviventes se veem obrigados a se esconder, abandonar suas casas ou buscar refúgio em abrigos comunitários. A proteção, nesses momentos, depende mais de redes de apoio locais do que da atuação direta do Estado.
De acordo com organizações de direitos humanos, como a Amnesty International, ainda há um grande descompasso entre a gravidade da situação e as políticas de proteção oferecidas pelas autoridades. Relatórios apontam que muitos crimes permanecem sem investigação adequada, e a impunidade acaba incentivando ainda mais a continuidade desses ataques
Quem está lutando por justiça
ONGs como a Under The Same Sun trabalham para proteger pessoas com albinismo na Tanzânia, oferecendo abrigo, educação, próteses, apoio psicológico e uma plataforma de denúncia.
Medidas urgentes necessárias
- Campanhas educacionais para desconstruir mitos sobre albinismo.
- Proteção policial reforçada durante períodos eleitorais.
- Investigação rigorosa e punição severa para traficantes e agressores.
- Apoio psicológico e médico às vítimas e sobreviventes.
- Políticas públicas inclusivas e de defesa dos direitos humanos.
Sem ações concretas, a violência continuará sendo alimentada pela mistura explosiva entre superstição, ignorância e ambição política.